Ulysses Doria Filho e
Joelza Mesquita Andrade Pires
A participação da mídia televisiva na vida de todos
e, principalmente, na das crianças e adolescentes é enorme. Ela forma
opiniões, cria conceitos, direciona o consumo e influência o
comportamento. As crianças, em especial, imitam o que vêem na tela ou
incorporam padrões de comportamento por ela propostos. Estes valores nem
sempre constituem preocupação dos responsáveis, estando sempre
ameaçados por vultosos interesses econômicos. Infelizmente grande parte da programação atual oferecida pelos canais
de televisão envolve violência. Centenas de estudos sobre os efeitos
da exposição a esta violência nas crianças e adolescentes têm sido
realizados nos Estados Unidos e permitem pressupor que esta clientela
possa:
- Tornar-se imune ao horror da violência.
- Gradualmente aceitar a violência como forma de resolver conflitos.
- Reproduzir a violência observada nos filmes.
- Identificar-se com características inconvenientes de vítimas e/ou agressores.
Além destes efeitos citados a permanência prolongada nesta atividade está associada a:
- Atividades solitárias e sedentárias com hábitos alimentares inadequados (excesso de consumo calórico e de sódio: ingestão de batata frita, pipoca, fast food, bolachas ...), que podem levar a obesidade e elevações da pressão.
- Reprodução de insultos e agressões expostos nos jogos de computador;
- Distúrbios do sono (Insônia);
- Diminuição da comunicação inter-familiar e isolamento;
- Dificuldades escolares;
- Exposição maciça a propaganda focada no consumo de tabaco, de álcool, de roupas de grife e brinquedos da moda etc;.
- Hiperestimulação sexual e antecipação do início da vida sexual;
- Distúrbios de atenção aos 7 - 8 anos de idade têm sido descritos em crianças expostas a televisão antes dos 2 anos.
Para se avaliar a influência da mídia no
comportamento basta observar o modo como as crianças de hoje dançam e
vestem. Programas de televisão freqüentemente apresentam temas vulgares,
com forte apelo sexual (dança da garrafa, da “bundinha”, da vassoura,
bailes funk). Novelas exibidas a tarde e no início da noite
exibem um mundo absurdo, denegrindo valores, a família, a religião,
banalizando o sexo e a violência.
O que os pais podem fazer a respeito?
- Reduzir o tempo para ver televisão a uma ou duas horas por dia.
- Ajudar seus filhos a encontrar outras atividades que substituam a televisão, como esportes, hobbies e atividades familiares em grupo.
- Conhecer os programas que seus filhos vêem. Quando eles mostram cenas de sexo, abuso de drogas ou violência, ajude-os a compreender o que estão vendo, mostrando toda a extensão do problema.
- Impedir a instalação de aparelhos de TV nos quartos das crianças.
- Manter livros, revistas e jogos de tabuleiro na saleta de TV.
- Não usar a televisão como babá eletrônica de seus filhos.
- Não permitir que crianças com idade inferior a 2 anos sejam expostas a mídia televisiva.
- Não permitir refeições ao mesmo tempo em que assistem à televisão.
- Ser um exemplo vivo do que deseja ensinar.
É importante enfatizar que existem programas
altamente educativos e adequados para as mais diferentes idades e que
esta mídia constitui a única forma de lazer e até mesmo de educação
para milhares de brasileiros. A televisão presente em grande parte dos
lares constitui uma realidade com a qual é necessário aprender a
conviver.
Saiba mais: Crianças e Adolescentes Seguros. Guia Completo para Prevenção de Acidentes e Violências.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Coordenadores: Renata D. Waksman,
Regina M. C. Gikas e Wilson Maciel. Editora: Publifolha, 2005.
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