UMA VISÃO
PSICANALÍTICA DA AGRESSIVIDADE,
DO BRINQUEDO E DA BRINCADEIRA NA ESCOLA
Por
Maria Audenôra das Neves Silva Martins – UERN
“As nossas escolas têm
procurado fazer com que nossas crianças se recolham para dentro de si e percam
a agressividade – o instinto próprio do homem corajoso, capaz de vencer o
perigo que se lhe apresenta”. Neidson Rodrigues
A
agressividade é um dos comportamentos mais rejeitados na escola e na sociedade.
Mas, o que é agressividade?
Qualidade do temperamento ou mecanismo de defesa do
EU, que se caracteriza pelo modo destrutivo de reação.
Há íntima ligação entre
agressão e frustração.
E o que é frustração?
É uma desorganização emocional
resultante do aparecimento de um obstáculo que impede o indivíduo de atingir um
objetivo para o qual estava altamente motivado. Como a vida é repleta também de
frustrações, uma dose em cada fase do desenvolvimento é salutar para o
desenvolvimento do ego saudável.
E o que é motivação?
É todo um processo de
ativação de um organismo, iniciado por uma necessidade e que tem por alvo um
objetivo, que, em suma, vem a satisfazê-la.
A criança agressiva na sala de aula, na verdade, é um deficiente afetivo que
precisa do apoio de todos os educadores.
O que é um deficiente afetivo?
É um
indivíduo incapaz, ineficaz, ineficiente para lidar com suas subjetividades.
O que é subjetividade?
É a forma particular de ser de cada ser humano – nosso comportamento;
nossas emoções; nossos sentimentos; nossas singularidades. A subjetividade é a
síntese singular e individual que nos identifica como pessoa.
A subjetividade de cada ser é construída culturalmente, socialmente e
filosoficamente. A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar,
sonhar, amar e fazer de cada um. Por isso é que precisamos respeitar as
subjetividades do outro, para sermos respeitados. É uma troca constante nas
relações sociais – se quisermos viver bem.
À luz do exposto, a agressividade é também uma construção social e cultural.
A
criança, o adulto, a professora e o aluno agressivos são deficientes afetivos.
Precisamos tratá-los. Como? Eis a questão. Segundo abordagem inatista “pau que
nasce torto, morre torto”, ou seja, a professora agressiva, o aluno agressivo
não tem jeito. Bem, está na hora da escola pública redimensionar o papel da
agressividade na afetividade. Até porque a agressividade na escola está também
relacionada com o fazer pedagógico dos professores.
Nenhuma criança, pré-adolescente ou adolescente aguenta ficar sentado só
escrevendo ou fazendo tarefas do livro. A escola pública e a sala de aula
precisam ser prazerosas. A escola precisa ser alegre.
Por que tanta
auto–agressão e evasão?
Porque a escola pública perdeu, na história, o seu
espaço de construção do conhecimento. Templo do fazer e saber? Talvez um dia
resgataremos este status na história! Na relação de aprendizagem o sustentáculo
é o desejo. Sem o desejo de transmitir e sem o desejo de aprender não há
relação de aprendizagem. Esta relação se estabelece quando se tem a coragem de
compartilhar o que nós não sabemos; saber compartilhar a ignorância. Como? O
professor precisa ampliar o universo simbólico dos seus alunos. A criação
simbólica se faz pela via da aprendizagem, através de atividades desafiadoras
para a criança. A construção do conhecimento acontece com pesquisas,
descobertas, inovações, oficinas diversificadas, etc.
Uma escola alegre e prazerosa motiva para a permanência da criança na escola e
tem a tendência natural de diminuir a agressividade, tendo em vista que ela
está sendo canalizada de forma lúdica através da construção coletiva do saber e
fazer pedagógico.
É a canalização dessa pulsão natural (agressividade) na
escola através das atividades lúdicas que tentarei expor de forma didática. E
como suporte teórico, utilizarei a psicanálise para sugerir caminhos aos
educadores e alunos estressados na tentativa de podermos conviver socialmente e
culturalmente com essa qualidade do ser humano. Isto mesmo, a agressividade é
uma qualidade e infeliz do aluno que seja forçado a perdê-la na tenra idade,
pois está fadado ao fracasso. Infeliz da professora que ouse tirar a
agressividade da criança, esta já é uma deficiente afetiva e precisa ser
tratada. Somos todos deficientes afetivos! Tratar o aluno agressivo na escola
com gritos, castigos e palavras de baixa auto-estima (você é horrível, mal
comportado, não aguento mais você, não quero você na minha sala) aumenta mais a
agressividade da criança.
Segundo a psicanálise, a agressividade é uma inclinação inata do homem e não
pode ser tratada na escola como um distúrbio de comportamento. Para Rodrigues
(1987) é o instinto próprio do homem corajoso. A sociedade e a escola negam o
seu papel estruturante na dimensão afetiva do homem. No decorrer deste texto eu
vou tentar explicitar melhor esta questão.
Como a escola pode canalizar a agressividade da criança?
Existem diversos
procedimentos, mas vamos realçar a importância das atividades lúdicas na escola
como elemento importante. Por quê? Porque o aluno que demonstra ações
agressivas na escola, está mostrando um déficit na experiência lúdica, na
experiência do jogo. Está mostrando um déficit no espaço que lhe foi dado para
mostrar que ela pode fazer. E uma criança a quem não é permitida mostrar suas
potencialidades e habilidades terão dificuldades de fazer coisas e produzir.
Restam para ela atos agressivos para chamar a atenção dos adultos. Outras
questões precisam ser pontuadas antes de discutirmos essa relação do lúdico com
agressividade.
A primeira é a dinâmica da pulsão agressiva, fato muito comum na sala de aula e
na escola. “Ele estava quieto, de repente bateu nos coleguinhas” Rafaela estava
quieta e nada fez com ele para sofrer a pancada”. “Ele estava brincando, de
repente destruiu o brinquedo”. “Ela estava brincando com Júlia de repente
acabou a brincadeira na pancada”. Como? Se o brinquedo e brincadeira são
excelentes para canalizar a agressividade? Rasgar cadernos, quebrar lápis,
riscar paredes, quebrar carteiras, dizer palavrões, etc. são fatos comuns no
contexto da escola que demonstram níveis de agressividade.
Segundo aquela criança que apanhou, foi vítima do agressor também é um
deficiente afetivo, pois ele (a) não reagiu. Talvez seja mais doente que a
criança considerada agressiva – talvez ela já tenha perdido a pulsão agressiva.
Nenhuma criança precisa ser saco de pancadas para ser considerada “boazinha”,
“bem comportada” “doce de aluno”. Por isso é que todos os professores são
comportamentalistas. Como gostaríamos de moldar nossos alunos. O sonho de todo
professor é receber uma turma bem comportada, educada, disciplinada. Pesquisas
comprovam que os professores têm um modelo de aluno – crianças aplicadas,
obedientes, respeitosas, agradáveis, limpos e com bons modos. O sonho do aluno
ideal, da turma ideal só existe nas teorias educacionais, na prática o nosso
aluno é real.
Terceiro é o porquê da criança está calma (aparência) e de repente explodir.
Como já citamos anteriormente, a agressividade está intrinsecamente relacionada
com a frustração. A sociedade, a família, a escola, a professora através da
repressão da pulsão agressiva, reforçada por mais e nova repressões dirigem de
volta para o ego (EU/SELF), ou seja, a pulsão agressiva é introjetada e
internalizada pela criança seguindo dois caminhos.
Para entendermos esses dois caminhos vamos lembrar ou esclarecer a divisão da
consciência: ego, superego e id. O ego ou consciência propriamente dita
representa a parte que corresponde ao conhecimento do momento presente. É a
resposta às perguntas: Quem sou? O que estou fazendo? É a própria personalidade
enquanto atua no momento presente. Pensar a realidade presente. Planejar a
realidade futura. Proteger a si mesma – são funções do EGO. Algumas vezes,
gostaríamos de agredir e temos que sorrir. Esse “sorriso” convencional é função
do ego.
O superego tem a função de deixar o homem ajustado, integrado à vida social.
Rege os princípios morais. É a própria personalidade enquanto age guiada por
princípios (valores). Surge durante a prolongada dependência da criança de seus
pais e de todo meio social. Sua função é adaptar-se, aceitar e incorporar em si
as normas sociais, o princípio da moralidade, aquilo que nossa consciência
chama de lei superior.
O id caracteriza-se pelo fato de suas forças dinâmicas estarem fora do controle
da vontade. É à parte da consciência mais antiga e mais profunda. É carregado
de impulsos egoístas, isto é, não levam em consideração os demais. Refere-se às
necessidades ou impulsos básicos herdados pelo homem. Tais impulsos, segundo
Freud, são de origem sexual (eros) ou de origem agressiva. Assim, o ego é
dominado pelo princípio da realidade; o superego pelo da moralidade e o id pelo
prazer.
Após estes esclarecimentos vamos procurar entender como a repressão da pulsão
agressiva da criança é introjetada seguindo os dois caminhos. Primeiro caminho,
o ego ou a consciência propriamente dita da criança assimila uma parte da
pulsão agressiva reprimida. O segundo caminho, a outra parte do ego fica contra
a pulsão agressiva formando o superego. Bem, cada pulsão agressiva abandonada
pela criança (forçada de forma repressiva pelos adultos) é assumida pelo
superego, aumentando a agressividade deste contra o ego. Esta dose de
agressividade reprimida é transferida para o ego, transformando-se em
sentimento de culpa. Assim, sob a forma consciente, a pulsão agressiva está
pronta para ser descarregada contra o ego na intensidade que gostaria de tê-la
satisfeito, dirigindo-a a estranhos.
Explicando melhor: A criança tem a necessidade de ter uma família bem
estruturada, objetivando ser feliz, pois o satisfaz como ser humano e parecendo
com os demais coleguinhas. Não tem e vem a frustração. A realidade para ela é
muito cruel e sente-se culpada por essa situação. Ela não consegue entender
porque seu amigo tem aparentemente uma família bem estruturada e ela não. Por
que não tenho, será que não mereço? Por não saber lidar com suas subjetividades
e por não ter maturidade para entender a realidade, vem a frustração, a culpa
que culminam na agressividade. A explicação teórica parece simples, mas na
prática, no cotidiano da escola a agressividade assume outras interpretações.
Exemplos clássicos na escola:
“ele está agressivo porque os pais estão se
separando”;
“ele é agressivo porque os pais são separados”;
“ela é agressiva
porque é adotada”;
“ela é agressiva porque é filha única e muito mimada”;
“é
agressivo porque vive na rua, pede esmola, passa fome, não tem família, os pais
são agressivos, não têm limites, veio da favela, usa drogas, etc.”
E daí? Como
educadores não podemos corrigir distorções familiares, conjugais, sociais,
econômicas de nossos alunos, mas dentro do espaço escolar a criança é nossa, é
o nosso bem maior. Segundo Platão, a criança é um bem público e todos somos
responsáveis por ela. Além do mais, todo ser humano tem uma forma motivacional
que impulsiona a busca, revendo Karl Rogers.
O ser humano vive em eterna busca. A criança de rua, da favela também busca.
Toda criança quer ter uma família bem estruturada em todos os aspectos.
Todos
nascem querendo ser um cidadão, ter sua cidadania garantida que foi negada. Se
tiverem todos esses problemas elencados pela escola, ele já tem o seu destino
traçado – escola conscientemente promove o seu fracasso. Não existe maior
agressividade dos adultos contra a criança do que permitirmos que elas morram
de fome de comida e de educação. Essa criança só pode ser cada vez mais
agressiva na escola. Se sente culpado pela separação dos pais que tanto ama,
todo o tumulto da sala quase sempre é o culpado de ser o mentor.
A criança agressiva é repleta de culpa frutos das suas frustrações vivenciam, existenciais e por não saber reagir de outra forma é agressiva, pois é forma encontrada para chamar atenção dos adultos, dos professores, da escola.
O que foi que
eu fiz para estar aqui na rua pedindo esmola?
Por que não tenho uma família?
Por que meus pais vivem desempregados?
Muitas crianças agressivas quando
“convidadas” para saírem da sala de aula, saem protestando: “Tudo eu” e “todos
na escola contra mim”.
É por isso que a agressividade é um problema grave e
angustiante em muitas escolas, pois somos deficientes afetivos para lidar com
ela.
Quarto, a auto-agressão que considero o estágio mais grave da agressividade,
pois ataca a maioria das crianças e incomoda as professoras tanto quanto a
minoria considerada agressiva na sala de aula. A criança se mostra indiferente
à situação, mas sabe mobilizar a atenção de todos na escola. Têm atitudes de
submissão, abandono, desinteresse e “preguiça”, principalmente, frente às
tarefas escolares. São caladas e normalmente enganam os professores, pois
muitas prestam atenção, apenas com o olhar. São inibidas, apáticas,
desorganizadas, apresentam baixa auto-estima, baixo rendimento escolar. Distúrbios
psicossomáticos são freqüentes, como dores de barriga e de cabeça, gastrite,
enxaquecas e asma. Choram no dia de provas, sentem tonturas, faltam às aulas
com freqüência, perdem a motivação para ir à escola e muitas se evadem,
etc.
A criança agressiva quer destruir o outro, já a auto-agressão ela tenta se
destruir e isto é muito mais grave para os professores – eles assistem a morte
passiva e silenciosa da criança que não sabe lidar com a sua agressividade.
Fica evidente que a auto–agressão da criança é o quadro generalizado nas
escolas públicas, mas os professores preferem essas crianças, pois normalmente
são passivas na sala de aula, perturbam, mas não tumultuam o ambiente como as
agressivas.
Quinto, o preconceito nos meios sociais e educacionais contra a agressividade
se agrava quando é tomada como sinônimo de violência, negando assim o papel
estruturante que ela tem na dimensão afetiva do indivíduo.
Resumindo todo esse discurso, a criança agressiva tem um ego frágil, a
agressividade assume a forma de superego. Não consegue se deparar com o medo, a
insegurança, a ansiedade, sem recorrer a uma dose exagerada de pulsão
agressividade desordenada. O seu ego sendo perturbado, não permite acumular
energia, ocorrendo descarga impensada do acumulado. A criança agressiva
desconhece o controle da atividade muscular. Toda energia surge na defesa de
seu ego frágil. Por autodefesa está sempre alerta ao ataque diante de qualquer
frustração. Não confia na escola, pois é um mundo externo e é incapaz de lidar
com seu mundo interno. Por autodefesa, tem a percepção aguçada para detectar
qualquer hostilidade. Não aceitam regras, mesmo as combinadas pelo grande
grupo.
As escolas que adotam rotinas repressoras, como deixar a criança agressiva na
sala durante o recreio escrevendo as tarefas, fazendo cópias, ficar sem o
recreio sentado na direção, ou na sala do “apoio pedagógico” não adianta. A
criança reage de igual força em sentido contrário. Nesse clima de repressão na
escola, a intranquilidade individual impede a participação. Mesmo sendo
considerada uma criança inteligente na escola, o deficiente afetivo não aceita
os estímulos intelectuais, pois lhe falta eficiência emocional para enfrentar
as situações regulares da aprendizagem formal.
A escola precisa ajudar a criança com pulsão agressiva acumulada e desordenada.
Se há dificuldade em suportar frustração, que sejam dosadas em proporções
toleráveis. O prazer e o desprazer têm papel igualmente importante no
desenvolvimento psíquico. A frustração está incorporada ao desenvolvimento
infantil, sem o grau de frustração a cada fase/etapa do desenvolvimento, não é
possível um satisfatório desenvolvimento do ego.
A escola pode diminuir a agressividade e a auto–agressão através da atividade
lúdica na sala de aula, no recreio e, em diversas atividades extracurriculares.
Experiências em escolas públicas – zona sul de Natal demonstra a viabilidade da
proposta. O brincar espontâneo ou direcionado é o meio natural de relação da
criança com o seu mundo interno e externo. Através do brinquedo e da
brincadeira a criança agressiva faz uso de estratégias para afrontar suas
dificuldades na busca do seu equilíbrio.
A atividade lúdica é catártica para a criança, ou seja, ela purifica as
subjetividades quando fornece elementos favoráveis às mudanças de crianças
agressivas desculpalizando o seu corpo, a sua mente. O corpo fala, através das
emoções, das brincadeiras, dos gestos, das linguagens verbal e gestual.
O brincar é uma linguagem metafórica e sendo utilizada na escola canaliza a
pulsão agressiva surgindo um novo espaço de vivência e convivência.
O brincar
espontâneo abriga na sua simplicidade de ação, possibilidade de expansão do
indivíduo pelos caminhos do imaginário, reduzindo-o a lugares esquecidos,
espaços desejados, escolhas impossíveis, até se dar conta de novas
possibilidades na sua realidade.
É brincando que as crianças desenvolvem capacidades importantes como atenção,
imitação, memória, criação e amadurecem competências para a vida coletiva.
Destaque nesta discussão para o brincar de faz–de–conta, a fantasia e o
imaginário. A fantasia é uma construção, não se pode construí-la do nada. São
necessários materiais e modelos, e a escola pública, mesmo com poucos recursos
pode fornecer elementos para serem trabalhados o imaginário e o real. A sucata
é um excelente material para a criança estimular a sua imaginação.
Quanto mais
a criança brinca simbolicamente, mais chances ela terá de canalizar sua pulsão
agressiva, jamais destruí-la, pois significaria a morte do ser pensante,
atuante, histórico.
As crianças agressivas encontram em alguns materiais e brinquedos a
possibilidade de liberação da sua agressividade, citarei apenas seis devido às
limitações do texto didático.
• Bolas – por analogia de forma representam os seios maternos, com a mãe inteira
que por um lado nutre, acalanta, protege e por outro lado podendo abandonar.
Sejam grandes, ameaçadoras, agressivas e esmagadoras, no contato suave podem
ser identificadas pela criança como aquele que ama, a quem deseja, que teve e
que perdeu.
• Benefícios – a mobilidade favorece a relação espontânea, diminui distâncias,
revela vínculos, mas pode servir para agressão, permitindo o anonimato que
isenta de culpas.
• Bambolês – Simbolicamente representam: casa, ligar de segurança, ventre,
útero que contém fisicamente e mãe que contém afetivamente. Em contrapartida
também é prisão que fecha tudo, que limita a liberdade.
• Benefícios – Para a criança podem ser: EU mesma fechada dentro de meus
limites, limitações de meus desejos, minhas inibições e proibições.
• Bastões de papelão ou espuma – Simbolizam armas, fuzis ou espadas e
representam uma dimensão fálica, estimulando destruição, inveja, provocação,
contendo toda possibilidade de representação e luta pelo poder.
• Benefícios – Para o menino: destruir o falo (pênis) do outro, do pai. Para a
menina: o símbolo do poder do homem. Com isso redimensionam a dimensão fálica –
descoberta e interesse pelo prazer localizado nos órgãos genitais.
• Cordas – Símbolo de dominação e submissão asseguram a dominação animal a si
mesmo, representam, na agressão, estrangulamento, provocação, autocastração,
punição. Destroem vínculos pela perda de liberdade, amarras e dependências,
aprisionam e até paralisam.
• Benefícios – Simbolicamente é o cordão umbilical. São indestrutíveis, se
desembaraçam fácil e projetam várias imagens É preciso cortar, para conquistar
autonomia. Desejo de união e medo de perder a liberdade.
• Caixas de papelão – Simbolicamente pode ser a casa que protege ou
metaforicamente a mãe. Nela se habita, se penetra, se refugia, se encolhe, se
retorce em posição fetal, mas ela pode acabar destruída. Melhor forma de
expressão amor e ódio.
• Benefícios – Um lugar aberto ou fechado, onde a criança pode encher, esvaziar
e unificar. Simbolicamente pode ser um carro, um barco – depende da imaginação.
Elas favorecem a necessidade básica de destruição ou desagregação, exatamente
por perderem totalmente as suas formas originais ao ficarem em pedaços.
• Tecidos/retalhos – representam tudo que pode envolver múltiplas transposições
desde a placenta, envolvimento materno, calor afetivo até a mortalha, o
enterramento, a sepultura. Além disso, pode trazer agressividade por meio de
sufocamento, aprisionamento ou ate espancamento.
• Benefícios – sob os panos, intimidade e proteção. Proteção do olhar do outro,
do outro que julga. Elemento de cumplicidade que desculpabiliza, que esconde
junto com outro, redescobrindo esse outro a quem cobre e descobre.
OBS:
Dedico este texto a todas as crianças agressivas e educadores com instinto de
águias, guerreiros da educação que, em suas trincheiras – sejam elas escolas
públicas, universidades tomadas pela oposição – travam uma luta persistente
pelas mudanças. E, nesta batalha, enfrentam não apenas a oposição dos
adversários, mas também a letargia dos conformados, dos incompetentes, dos
invejosos e a desconfiança dos que não conseguem aceitar a defasagem entre o
desejado e o possível. “Na
educação, tudo que consigo pensar sou capaz de fazer” (Audenôra)
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